João de Fernandes Teixeira – Portal Ciência & Vida
Embora pouco conhecido no Brasil, Julian Jaynes (1920-1997) foi um dos mais originais filósofos da mente do século XX. Nascido nos arredores de Boston foi também um grande professor universitário, tendo lecionado na Universidade de Princeton por longo tempo. Infelizmente, Jaynes não viveu muito. O alcoolismo corroeu sua saúde, o que o levou a falecer prematuramente.
Sua obra principal, The Origin of Consciousness in the Breakdown of the Bicameral Mind, publicada em 1976, tornou-se, na época, muito popular nos meios acadêmicos americanos. Posteriormente, tornou-se uma espécie de leitura cult, por exibir um conhecimento profundo dos textos das antigas civilizações, o que demonstrava uma extraordinária erudição do autor.
Nesse livro, Jaynes apresenta uma hipótese inusitada sobre a origem da consciência humana, que aproximava pela primeira vez a Filosofia da Mente da História, do estudo dos textos antigos e da Antropologia. Seus pontos de vista são considerados um pouco fantasiosos, especialmente se examinados da perspectiva da Neurociência contemporânea.
Contudo, Jaynes continua sendo lido e, nos Estados Unidos, há, hoje, uma Julian Jaynes Society, que se dedica ao estudo de sua obra. Ao que parece, sua teoria da consciência, apesar de fantasiosa, ainda é muito sedutora. Ou talvez porque estejamos diante de um daqueles casos nos quais se aplica o provérbio italiano que diz “si non è vero è ben trovato”.
A hipótese de Jaynes é que, se numa linguagem não existe a palavra “eu” (e seus pronomes), seus falantes não terão uma mente ou consciência no sentido em que nós a temos. A ausência de uma representação de “eu” na linguagem escrita é indício de que em uma determinada época ou cultura não havia nada parecido com uma “consciência”, talvez nem mesmo em sua tradição oral. Continuar a ler